O número de empresas que recorreram à recuperação judicial no Brasil registrou um significativo aumento, de acordo com o Indicador de Recuperação Judicial e Falências da Serasa Experian. Até agosto deste ano, foram contabilizadas 830 requisições, das quais 662 foram deferidas. Esse dado representa um crescimento de 59,6% em comparação com o mesmo período do ano anterior.
A escalada desses pedidos é uma consequência direta do aumento da inadimplência que afeta o país desde setembro de 2021, refletindo desafios significativos na economia brasileira. Um dos principais obstáculos enfrentados por empresas é o quadro de juros reais, que se mantém como um dos mais altos do mundo, tornando a gestão financeira um verdadeiro desafio.
Diante desse cenário, muitas empresas endividadas buscam estratégias de reestruturação empresarial para lidar com suas obrigações financeiras e manter suas operações em funcionamento. O pedido de recuperação judicial é uma dessas estratégias, permitindo o pagamento diferenciado perante os credores, congelamento de dívidas e, em muitos casos, redução do valor da dívida existente.
Um exemplo emblemático desse processo é o caso da rede de livrarias Saraiva, que após cinco anos em recuperação judicial, encerrou suas atividades com 109 anos de história. O mesmo ocorreu com a Livraria Cultura, embora esta tenha conseguido suspender a sentença em algumas de suas lojas.
Outro caso recente é o da 123 milhas, com uma causa estimada em R$ 2,3 bilhões. Esse aumento nos pedidos de recuperação e falências é uma clara consequência das altas taxas de juros e da desaceleração da economia no país.
Em última análise, a situação econômica do Brasil é desafiadora, com um desempenho considerado baixo em relação à liberdade econômica global. A burocracia, o alto custo do Estado, a eficiência limitada do Poder Judiciário e a falta de políticas de incentivo à abertura de empresas são fatores que contribuem para esse cenário.
No contexto da recuperação judicial, as empresas buscam evitar a falência em meio a uma crise financeira, enquanto aquelas que optam pela falência reconhecem a inviabilidade de pagar suas dívidas integralmente, encerrando suas atividades e passando ao status de falidas.
Esse aumento nos pedidos de recuperação e falências destaca a importância de compreender as dinâmicas econômicas do Brasil e as estratégias que as empresas adotam para enfrentar esses desafios.
